#36 - Desafiando o Haina

                                                        

— Rah, rah!

— Evasiva e Crush Claw!

Pulando da areia, os olhos de um Pokémon do deserto brilham, levantando rochas pontiagudas do chão lançando-as sobre Gladion e Null. O Pokémon quimera energiza suas garras, se desviando das pedras e indo para cima do crocodilo, desferindo potentes golpes que o atiram de volta ao chão.

— Vamos continuar, Null - com a batalha terminada, Gladion se voltava para ruínas que pareciam ser de um templo há muito destruído.

Nem uma alma à vista, apenas as pisadas de Gladion e Null eram ouvidas ao descer pelo amontoado de areia, chegando ao interior da construção antiga. Os dois passavam o olhar pelas gravuras rupestres que adornavam as paredes, pareciam momentos de oração dos povos antigos aos Tapus, representados por 4 figuras pintadas de forma algo assustadora, demonstrando como eram tão temidos quanto adorados. Á medida que adentram mais fundo, a atmosfera começa a pesar. Null solta um gemido, tentando avisar Gladion que também sentia o pesar dentro daquele lugar.

— Devemos estar perto - pensou o irmão de Lillie — não podemos parar agora, vamos,

Null volta a gemer, como se estivesse num imenso sofrimento, ele concordava com Gladion e continuam avançando pelo templo até que o solo treme por baixo dos seus pés. Ambos ficam em alerta. De repente, aquilo que parecia ser apenas uma estátua começa a tremer e luzes vermelhas se acendem onde deveriam ser os olhos.

— O quê? Aaaaaaah!

Alguns dias depois...

No pé do monte Rubro, as ondulantes dunas de areia se estendiam até onde a vista alcança. Haina, um vasto e silencioso deserto com vestígios de uma civilização há muito desaparecida.

Uma paisagem árida e desolada, onde o silêncio é apenas quebrado pelo sussurro do vento que carrega consigo a areia fina e empurra os Bramblin que sobrevivem aqui apesar da escassez extrema. Kairi, Lillie e Hau continuam sua jornada sob um Sol abrasador que dificulta os seus momentos. Sora preferia se refugiar dentro da sua Pokébola e Nebby nem pensava em sair da bolsa.

— Estamos mesmo indo na direção certa? - Lillie perguntava, tentando enxergar o horizonte. Do lado dela, Kairi caminhava cambaleando com a coluna dobrada e os braços balanceando e Rotom flutuava em sua orbita.

— Bzzt! Afirmativo! O meu mapa nunca ze engana-roto!

— Exceto daquela vez que quase nos fez cair de um penhasco... 

— Zzt? O mapa indicava uma ponte-roto - informou e Kairi suspirava.

— Tanta... areia... meu HP ta sendo drenado e to quase assinando pelo vasco... preciso de uma... pausa... - Hau lamentava de um lado para o outro mal conseguindo manter os olhos abertos.

— Primeiro que tudo, Hau, você não é um Pokémon e nem está em um videogame para perder HP - Lillie revirou os olhos, cansada de ouvir tantas reclamações — e em segundo, nessa altura do ano os dias são mais curtos, logo escurece e se não nos despacharmos vamos congelar de frio. E em terceiro... hey, vocês estão me ouvindo?

Enquanto Lillie falava, tanto Kairi como Hau caem de frente na areia, apenas movendo a cabeça para conseguirem respirar. A falta de movimento indicava que não haviam escutado nada que Lillie disse e esta amua.

— Ai chega! Popplio, use Bubble!

Lillie liberta a pequena foca que espirra bolhas pelo nariz, acertando os dois desafiantes  em cheio e os atirando para cima, obrigando-os a se levantar. De mão na anca Lillie se aproxima deles.

— Como eu estava dizendo, não podemos parar até encontrar um lugar abrigado e não tem nada assim por essas bandas - continuou sob os suspiros de Kairi e Hau.

— Lillie ás vezes me assusta...

— Começo a sentir falta da Hapu...

Hapu era a dona dos Mudsdale que ajudaram o trio a atravessar o monte Rubro, contudo não pôde continuar a jornada com eles por motivos pessoais, tendo partido em outra direção, deixando os três navegando sozinhos pelo deserto do Haina. Agora sozinhos, Lillie entregava aos dois garrafas de água fresca, que agora estava tudo menos fresca...

— Vá, temos de continuar - Lillie diz, esperando os dois terminarem de beber.

Eles continuaram o caminho pelo calor abrasador do deserto e as dunas sem fim, até que avistam ao longe um penhasco íngreme. Seguindo o mapa de Rotom, Lillie decide que seria melhor seguirem junto do penhasco para evitar andar em círculos, marcando assim em Rotom sua localização. No entanto, Lillie ficava cada vez mais receosa que não encontrassem um abrigo antes que ficasse mais escuro e frio, uma vez que o Sol aos poucos se afundava no horizonte. Eventualmente, a loira percebia que era hora de encerrar as buscas e encontrar um abrigo onde pudessem passar a noite.

— Rotom, consegue encontrar algum lugar abrigado?

— Bzzt pesquisando... - a agenda flutua no ar.

Lillie, Kairi e Hau aguardam por um momento, avistando Rotom retornando.

— Bzzt! Tem um caminho por entre ezzcarpas ali - gesticulando, a agenda apontava na direção e Lillie decide ir lá ver na esperança de encontrar uma caverna onde pudessem descansar.

— Bom trabalho Rotom, salvou minha vida! - Hau pulava de contente.

— Agora já tem energia... - Lillie revirou os olhos.

Os três então seguiram a agenda, alcançando uma fenda por entre as escarpas. Os últimos raios de sol iluminavam por cima do abismo que se estendia por varias jardas, perpendicular à entrada do lugar e o grupo avançou pelo caminho até que...

— Olhem ali!

Ao longe, Kairi avistava uma construção antiga, deixando que a curiosidade tomasse conta dela e avançasse.

— As ruinas da abundancia? - Hau perguntou, mas logo Rotom afastou esse pensamento.

Nisto...

— Fwee-fweet! - Um pequeno Pokémon avista o grupo, flutuando pela escarpa abaixo com um sorriso simpático. Rotom o identificou como Flittle.

— Oh que fofinho! - Kairi faz uma festinha ao pequeno que orbita em volta dela — você vive aqui, amiguinho?

— Fwee... - a expressão do Pokémon muda para malicia — Fweeeeeeeeeee!!!! - Soltando um berro, assusta os três. O som ecoa pelas jardas.

— O que foi? Machucou ele?

— Eu não fiz nada! - Kairi respondeu.

— Calma pequeno, a gente não veio para fazer mal a você - Lillie tentava o tocar, mas este escapa, flutuando e demonstrando seu olhar malandro — eh?

Flittle flutua para cima e os três o acompanham com o olhar, seguindo-o até uma rocha solta na escarpa onde uma figura maior observava do alto.

— Roma, roma-mah!

— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!!

— Bzzzzt! É a Espathra, um Pokémon altamente perverso conhecido por imobilizar suas presas com seus poderes psíquicos e as torturar até se cansar-roto!!! Perigo! Perigo! Perigo!!!

A avestruz desliza pela escarpa a baixo, Kairi e seus amigos engolem em seco, tremendo e quase congelando ao ver aqueles olhos hipnotizantes se aproximando. Flittle dava risadinhas e Espathra se despega da escarpa na tentativa de esmagar aqueles que se atreviam a invadir seu território.

Pensando rápido, Kairi liberta Crabrawler que não hesita, acertando a avestruz com um potente soco no bico. Porém, a força desta empurra o caranguejo para baixo, atirando Kairi, Lillie e Hau para trás enquanto Flittle ria com um prazer mórbido.

— Gaga ooh lala!

As pernas da avestruz estalam, se movendo a grande velocidade e pontapeando Crabrawler num movimento giratório. O caranguejo no ar, abre suas pinças, disparando seu jato de bolhas que ainda deixa Espathra mais irritada. Seus olhos brilham na direção do grupo, disparando feixes de energia psíquica, obrigando os três a pularem para direções opostas. Kairi cai de barriga no chão, logo estendendo sua mão à bolsa.

— Hau, proteja a Lillie - Kairi diz, olhando de relance para os dois e percebendo que estavam mais perto. Decidida a captar a atenção total de Espathra, pega noutra Pokébola — Preciso de você, Eiscue!

O pinguim salta para fora da Pokébola, produzindo cacos de gelo contra a avestruz. Crabrawler ataca logo em seguida, usando suas bolhas pela lateral. Por sua vez, Hau mergulha para resgatar Lillie e o par rola ladeira abaixo, sem se ferirem muito. Os olhos de Espathra voltam a brilhar, lançando ondas psíquicas que atingem em cheio Crabrawler e Eiscue, o cubo de gelo do pinguim absorve o ataque, mas quebra no processo, deixando Eiscue muito aflito.

— Retornem os dois! - Kairi sprinta para o lado, vendo as pernas da avestruz se aproximando de si. A treinadora se abaixa, ficando de bruços e passando por baixo do chute, abrindo uma nova Pokébola.

Sora pula para fora da cápsula, indo contra Espathra. Sua cauda endurece e acerta o lado da avestruz com força, a atirando para trás. Não querendo ficar de fora, Hau e Lillie se recompõe, assentindo um para o outro e atirando suas Pokébolas para cima.

A Lurantis de Lillie e o Raichu de Hau emboscam Espathra que se recompunha do ataque sofrido. Não esperando os outros dois, a avestruz tenta se defender, mas acaba atingida pelo Thunder Bolt do surfista, seguido do Leafage de Lurantis. Flittle bradava com raiva, mas sem perder a malicia, dispara um feixe psíquico contra Kairi, contudo...

— Lurantis, use Solar Blade!

Apesar do Sol estar se pondo, ainda estava bastante forte, o que permitiu a Lurantis carregar rapidamente o ataque, formando uma imensa espada de luz que atravessa o campo de batalha, martelando com força o pequeno Flittle e o atirando pelos ares. Espathra, nervosa, corre atrás de Flittle em direção ao por do sol. O grupo respira fundo.

— Essa foi por pouco... valeu, Lillie - Kairi recuperava o fôlego, com Sora roçando nas suas pernas e recebendo carinho da treinadora.

— A forma como usou o Solar Blade foi incrível, yeah!

— Eu lembrei de quando enfrentamos a totem da selva de Akala, ela usava o sol para empoderar seu ataque, então achei que minha Lurantis pudesse fazer o mesmo com o sol do deserto. O mérito é todo dela.

— Luraaan - a louva-a-deus cora, recebendo elogios de Hau e dos outros Pokémon.

Os três decidem então entrar na construção em frente, percebendo se tratar de um templo antigo pelas gravuras rupestres nas paredes. Á medida que os três adentram nos corredores sombrios, a atmosfera se torna densa, impregnada de um ar antigo e misterioso.

 A luz fraca penetrava pelas rachaduras do teto, destacando figuras que Hau reconhece como os guardiães pintados nas paredes que revelavam seus feitos lendários no passado. 

— Gente, está ficando muito escuro - Lillie notava a luz cada vez mais fraca — é melhor montarmos nossas tendas aqui e amanhã continuamos.

— Poxa, mas eu queria explorar - Hau comentou, mas Kairi o cutuca no braço com um ar preocupado.

— Lillie tem razão, é melhor pararmos um pouco e descansarmos - a menina de Pallet diz, convencendo o alolano que se senta no chão, abrindo sua mochila para retirar a tenda.

No entanto, quando se preparavam para montar o acampamento, um grunhido ecoa pelo interior das ruínas, deixando os três e Sora em alerta. Dentro da bolsa, Nebby tremia e Lillie o tenta acalmar.

— O que foi isso? - Hau treme.

— Não estamos sozinhos... - os olhos de Kairi fitavam o escuro.

Outro grunhido ecoava pelo templo, um som abafado em agonia, como o de um prisioneiro selado em uma caixa de ferro. Sora rosna, sentindo a presença se aproximar. Dois pontos amarelos se acendem na escuridão, assustando os três. Kairi vai com a mão à bolsa e Sora pula para a frente, rosnando e latindo. De repente, uma figura se nota.

Com as garras raspando na pedra do chão, a criatura se manifesta, caminhando enquanto grunhia. Kairi e Hau adotam uma postura defensiva, com Lillie pensando mais em proteger Nebby que tremia muito. Porém, por entre os fracos raios de luz, a loira consegue reconhecer a criatura, mas antes que pudesse falar algo, outro se manifesta junto de si.

— Intrusos, deixem esse templo sagrado!

— Essa voz... - Lillie reconheceu — Gladion!

— Intrusos! - Se tratava mesmo do irmão de Lillie que se juntava ao seu Pokémon. A fraca luz dava para enxergar Gladion por breves instantes — sumam daqui!

— G-Gladion, sou eu... Lillie.

Do seu lado, Null, ruge com agressividade e a loira dá um passo atrás. Era como se seu irmão se tivesse esquecido dela. Sora late, mas Null pressiona sua pata contra o chão, rasgando a pedra com violência, atirando Sora para trás com as ondas de energia.

— G-Gladion... o que está...

— Humanos não são bem vindos no meu templo, sumam daqui ou conheçam a minha ira!

— Ue, mas você é humano e ta aqui...

— Hau, eu acho que ele está sendo controlado - Kairi supõe.

— Controlado? - Lillie vira o olhar para o irmão e treme — oh... Gladion. não...

— Sumam daqui!

— A gente vai, mas nos devolva o Gladion!

— Esse humano profanou esse templo sagrado, como penitência, ele me pertence!

— P-Pertence? - Lillie soluçou,

— Não sairemos daqui sem o nosso amigo - Kairi bate com o pé e Sora late — se quiser que a gente saia, nos devolva ele e vamos embora, caso contrário vamos lutar.

— Humanos sujos... como queiram. ESSE TEMPLO SERÁ VOSSA TUMBA!

Null inicia o ataque sem ser preciso comando, indo para cima dos intrusos, Sora acelera e os dois colidem com força, se atirando para trás. O chifre de Null brilha e este vai para cima de Sora que defende com sua Iron Tail e o impacto produzem ondas de energia que danificam parte das paredes do templo.

O grito de agonia de Null ecoa pelo templo, enquanto reunia os ventos em seu chifre, disparando lâminas que atingem o tórax da raposa. Kairi range os dentes, lembrando da ultima vez que enfrentou Null e não o conseguiu vencer. Mas dessa vez ele sequer estava sendo comandando por Gladion e sim pela entidade que se escondia no templo. Nesse momento, o rachar de uma parede parece ter incomodado Gladion e Kairi entende algo.

— Sora, use Iron Tail naquela parede!

Mirando para onde Kairi apontava, Sora começa a correr, endurecendo sua cauda. Um grito emana de Gladion para que Null o parasse, mas a raposa pula para cima, usando o chifre de Null como trampolim para se impulsionar contra a parede e desferir um potente golpe capaz de rachar pedra.

— Não! Malditos humanos! - Gladion, ou o que o controlava, se stressava com a destruição do templo e, aparentemente, perdia controle dos seus poderes.

— Saia... SAIA de dentro de mim! - Gladion gritou e tanto Lillie como Hau veem braços sombrios soltando o garoto e deslizando para trás. Gladion vai de joelhos ao chão — droga... por quanto tempo... uh? Lillie?

— Gladion! - A menina corre até ao irmão, o abraçando aliviada por este ter retornado.

— Quem fez isso com você, Gladion? - Kairi perguntou.

— Uh? - O garoto precisa de um momento para se recompor e tentar se recordar — é o... o Totem desse lugar - revelou, surpreendendo o grupo.

— Aue? Mas o mapa não indicava esse lugar.

— É tudo culpa do totem - Gladion revelou, voltando a surpreender o grupo — eu vim atrás do Cristal Z do deserto depois de ter ouvido que houve uma grande batalha aqui e que o capitão desistiu. Porém o templo não estava no lugar onde deveria estar, alias, todo o deserto mudou de forma.

— Pera, mudou de forma como assim? - Kairi perguntou, arregalando os olhos.

— Foi o Totem... ele ampliou seus poderes psíquicos para controlar todo o deserto e criar uma ilusão para que ninguém o encontrasse. Penso que estivesse tentando proteger esse lugar de mais danos como os que Tapu Bulu causou em sua batalha...

Subitamente um tremor volta a agitar o chão de pedra. Gladion reconheceu e Null se posicionou para batalhar, dessa vez junto de Sora. Hau e Lillie buscavam equilíbrio nas paredes à medida que um grito gutural ecoava pelas câmeras do templo, anunciando a chegada de algo sinistro. Então, das sombras profundas, se ergue algo colossal.

Os olhos ardentes do totem se acendem como brasas vermelhas que perfuram a escuridão á medida que este se erguia diante dos quatro aventureiros. Rotom o identifica como Claydol, do tipo terrestre e psíquico. Sora e Null atacam pelos flancos, mas são abaixados pelo poder psíquico do totem que faz com que a gravidade aumente e seus movimentos ficassem mais lentos. Lillie e Hau decidem lutar, tornando então num combate de raid. A energia do totem se expande, criando uma espécie de cubo envolvente.

— É o Psychic Terrain, ele vai tentar nos prender na sua ilusão! - Gladion alertou.

— È que nem pense! Quick Attack, Sora!

Os quatro comandam um ataque em simultâneo, Sora, Null e Rockruff partem para cima de Claydol enquanto Ribombee fica na defensiva, atirando suas almofadas de pólen contra os raios de energia psíquica do totem.  O cachorro de Hau abocanha um dos braços de Claydol, Null ataca o outro com seu Crush Claw e Sora investe com tudo contra o peito do totem, o fazendo sentir dor.

Para se defender, Claydol começa a girar sobre si mesmo, seu movimento faz abanar todo o templo, quase fazendo Kairi e seus amigos caírem para trás, porém conseguem manter o equilíbrio. Já o totem vai avançando em ziguezagues e abalroando seus oponentes com facilidade, atirando-os para direções opostas. O Psychic Terrain impediu que estes atingissem as paredes do templo. 

— Que força bruta! 

O solo estremecia e o totem não parava de girar, dessa vez indo na direção de Hau que não teria tempo para se desviar. Vendo o alolano congelando, Gladion sprinta para o lado, empurrando Hau e o segurando para não se machucar na queda. Claydol falha o alvo e é acertado por Null e Ribombee.

— Ue... você me salvou... 

— Uh... - Algo embaraçado, Gladion percebe estar por cima de Hau e se levanta de repente — tenha mais atenção e leve essa batalha a sério, aquele Claydol não está brincando.

— Eu estou levando a sério, a batalha está seriamente divertida - Hau abre um sorriso, irritando o outro.

— Não foi isso que eu quis dizer! - Barafustou, sem efeito.

Os dois se separam quando Claydol volta a girar, atirando Ribombee e Null para trás com violência. O Pokémon quimera ampara a queda da fada que agradece e volta a bater suas asinhas. Sora dispara um Shadow Ball enquanto Rockruff ergue rochas do solo com seu uivo e com o latido as lança contra Claydol na esperança de o fazer deixar de girar.

Um feixe de energia é disparado pelo Totem, atingindo tanto Sora quanto Rockruff, os atirando para trás. Por entre a fumaça, Null se revela, reunindo os ventos para usar seu Air Slash. Claydol é atingido em cheio, mas não recuava nem por nada. Aneis de energia psíquica são lançados para o alto e terminam chovendo sobre os quatro oponentes e os humanos que tentam se esquivar.

— Assim não vamos conseguir, Sora retorne! - Kairi retrocede a raposa para a Pokébola, trocando de estratégia — Rowlet, escolho você!

Com a capacidade de voar, Rowlet se esquiva dos raios de energia, levitando sobre o totem e disparando seus Razor Leaf, todavia, Claydol continua girando e dessa vez abalroa Ribombee, obrigando Lillie a também retornar sua Pokémon e a trocar por Popplio.

No campo, a foca dispara suas bolhas contra Claydol, juntando-se ao Razor Leaf de Rowlet que obrigam o totem a abrandar. Rockruff e Null conseguem finalmente se aproximar, desferindo Bite e Crush Claw, respetivamente.

Mas nem assim era suficiente, Claydol tomba para trás mas com um grito para cima, se reequilibra, disparando feixes de energia sobre os seus oponentes, deitando ao chão Rockruff. Null responde com Air Slash novamente e tanto Rowlet como Popplio tentam derrubar o totem, sem sucesso.

— Temos que tentar com mais força - O olhar de Kairi rejubilava com vontade de vencer, mesmo com o pessimismo dos seus amigos. Com a mão à bolsa, ela retira um dos seus cristais Z e o encaixa na sua bracelete Z — Rowlet, vamos dar o tudo por tudo nesse ataque.

— Kooo!! - A coruja estica suas asas, recebendo a energia do cristal de Alola.

— Pop! - A foca fica muito atenta, vendo a coruja coberta da energia vinda do cristal e bate palminhas para os movimentos de Kairi.

— Domine os céus, Supersonic SkyStrike! 

Claydol volta a girar, disparando impiedoso sobre Rowlet que revestido de energia Z vai em frente, empurrando o raio de energia de Claydol para trás. O totem não ia desistir, empurrando com mais força, determinado a impedir o Z Move. Porém, Popplio observava o companheiro do tipo planta se esforçando, exaltando energia pelos poros e tenta o imitar, se concentrando.

— Pop... - imaginando os movimentos Z, a foca os tenta copiar, ainda que desajeitada, porém, salta rodopiando e uma bolha grande sai do seu nariz, explodindo e revestindo o resto do corpo.

— P-Popplio?

— Lillie, comande Aqua Jet! - Gladion gritou e a garota encheu o peito, assentindo.

— Popplio, use Aqua Jet!

— Poooooooooop!!! - A foca se dispara na direção de Claydol.

A foca se junta à coruja e os dois pressionam o raio de energia de Claydol para trás. Os olhos do Totem piscam, com este sentindo a sobrecarga. Lillie e Kairi pedem mais um empurrão com tudo o que tinham e os dois Pokémon conseguem perfurar a defesa do totem, o atingindo em cheio e derrubando.

Enfraquecido, Claydol flutua para trás, desaparecendo nas sombras enquanto um pedestal se forma na câmera onde os quatro desafiantes se encontravam.

— Conseguimos! Nós vencemos o Claydol!! Rowlet, bom trabalho!

— Kookooo!

— Pop-pop! - A foca aplaude e Lillie a pega nos braços.

— Muito obrigada Lillie, você ajudou bastante - Kairi diz, sorrindo para a amiga que cora.

— Eu... eu... vencemos mais um desafio de Alola!!!

Lillie se entusiasma, pulando para cima com Popplio aplaudindo. Logo a loira fica com vergonha, mas Hau e Kairi celebram com ela e Gladion encolhe os ombros, não escondendo o orgulho de ver sua irmãzinha realmente se tornando mais forte.

— O pedestal continua brilhando, retirem os vossos cristais - Gladion diz, tentando manter a compostura e logo se põe em movimento com Null.

— Gladion, já está de noite - Lillie diz, mas o irmão simplesmente levanta o braço, acenando — Gladion...

— Lillie já é capaz de se defender sozinha, mas ainda temos muito trabalho pela frente, Null - longe da irmã, Gladion toca no capacete do seu companheiro que gane de forma agonizante — vamos ficar mais fortes antes que... temos que ir, Null.

Concordando, a quimera se abaixa para Gladion subir e num pulo saem de dentro do templo, em direção ao deserto escuro. Lillie ainda os tentou alcançar, mas era tarde demais. Tanto ela como Kairi e Hau decidiram passar ali a noite.